Cuidado

Pesquisa alerta para o verme do rim

Estudo da UFPel aponta Pelotas como a cidade com a maior incidência do mundo

Divulgação -

A Faculdade de Veterinária da UFPel está pesquisando opções de tratamento para animais com dioctofimatose, doença causada pelo Dioctophyme renale, o verme gigante do rim. O estudo, liderado pelo Projeto Dioctophyme renale em Cães e Gatos (Prodic), busca alternativas para tratar da patologia, que, segundo os pesquisadores, tem em Pelotas a maior incidência no mundo.

De acordo a médica veterinária do Hospital de Clínicas Veterinárias da UFPel e organizadora do estudo, Pâmela Caye, a dioctofimatose é uma doença infecciosa de animais que pode ser transmitida ao homem.

O Dioctophyme renale pode chegar a um metro de comprimento por 0,4 a 1,2 centímetros de largura. O grupo de hospedeiros definitivos abrange uma grande diversidade de espécies, como felinos, equinos, suínos, bovinos e o ser humano. Entre as espécies consideradas domésticas, os cães são os principais atingidos.

Os vermes adultos são encontrados no rim de seus hospedeiros definitivos. Quando o cão é infectado, a larva passa para a cavidade abdominal e se aloja, geralmente, no rim direito, onde cresce e se desenvolve se alimentando do órgão. É comum que as infecções resultem em total destruição renal.

Registros
Uma pesquisa realizada em 2015 encontrou inúmeros espécimes de tartarugas de água doce que apresentavam a larva do verme na área urbana de Pelotas. Isso significa um alto risco de contaminação da população de áreas urbanas, que têm contato com o local onde esses animais habitam.

Considerando que a fase de desenvolvimento do Dioctophyme renale depende da presença de água, há muita preocupação com a situação de populações ribeirinhas e com cidades como Pelotas, que apresentam alto potencial de alagamento.

De acordo Pâmela e a orientadora da pesquisa, professora Josaine Rappeti, Pelotas é a cidade com mais registros de animais infectados no mundo como hospedeiros definitivos. Há cerca de dois anos foi publicado o último artigo com relatos sobre casos registrados no município, que já somavam 195. Atualmente, já passam de 300 os casos registrados.

Alternativa à cirurgia
Ainda não foi descoberta nenhuma medicação que realmente mate o verme gigante do rim. Considerando isso e os altos valores para cirurgia, a retirada do verme é praticamente impossível para alguns tutores. Nesse contexto o projeto visa encontrar uma solução que não seja cirúrgica. “Queremos testar uma medicação veterinária que seja comercial, que cause a morte do verme e interrompa a eliminação de ovos pela urina, seja barata e de fácil acesso”, destaca a pesquisadora. “É um estudo-piloto, mas que vai abrir muitas possibilidades para outros estudos”, observa.

Contaminação e sintomas
A contaminação dos hospedeiros definitivos ocorre por meio do consumo da carne crua ou malpassada dos hospedeiros de transporte (como sapos, rãs e peixes de água doce) ou por ingestão de água contaminada com os hospedeiros intermediários.

A maior parte dos animais afetados não apresenta sinais clínicos. Contudo, quando apresentam, os mais frequentes são dor para urinar, sangue na urina, dor lombar, anorexia, relutância em caminhar, sede excessiva e depressão.

Os animais infectados não têm a capacidade de passar a doença para os seres humanos. Ambos são contaminados da mesma forma.

Seu pet pode ser um paciente em potencial?
É feita a análise do histórico, que inclui, por exemplo, se o animal foi adotado e tem contato direto com a rua. Também é feita a coleta de urina, em busca de ovos, e ultrassonografias, pois podem existir apenas vermes machos no corpo do cão, e, dessa forma, não haveria presença de ovos na urina.

Em caso de suspeitas, os tutores podem fazer o diagnóstico com qualquer médico veterinário, ou levar seus pets para consulta no Hospital de Clínicas da UFPel para fazer os exames, arcando com o custo. Se o verme gigante do rim for encontrado, o animal passará por uma consulta específica para o projeto.

O tratamento é gratuito e o valor cirúrgico é reduzido aos pacientes participantes do projeto, mas os custos de consultas e diagnósticos são responsabilidade total do tutor.

Contato
Com a pesquisadora Pâmela Caye pelo e-mail [email protected] ou pelo número (53) 98113-3214.

O Hospital de Clínicas Veterinárias da UFPel fica no Campus Capão do Leão e pode ser contatado pelos telefones (53) 3275-7510 ou 3275-7292.

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